Petistas, philosophum non facit barba

11/10/2014 22:11

Por Landim Neto

Foto: Agência Brasil

O título pode soar estranho a alguns. Mas quem tiver paciência de ir até ao final, entenderá tudo direitinho.

Recebemos críticas (algumas ácidas) de petistas e de seguidores de Dilma que não compreendem por que defendemos o voto nulo nesse segundo turno das eleições para a presidência da república. "Votar nulo é um erro, é querer nivelar a história de uma lutadora socialista (Dilma) à de um playboy do capitalismo, Aécio". "É tentar igualar um partido das lutas, da esquerda e dos trabalhadores (PT) a um partido reacionário, repressor das causas sociais, de direita, o PSDB". "É favorecer os ricos". É o que dizem.

Mas então, perguntamos: o passado digno de quem quer que seja, por si só, torna uma pessoa para sempre imune a críticas e a reprovações? Óbvio que não. Não é porque eu nunca matei ninguém na infância e adolescência que agora eu me ache no direito de sair matando por aí sem correr o risco de ser preso ou até morto também. Tudo nessa vida é processo. As pessoas se constroem é pela coerência, que precisa ser constante, presente. Um determinado passado é só um componente a mais, muito importante, mas não único na história dos indivíduos e suas organizações.

Não discordamos das caracterizações que os petistas fazem de Dilma e do PT. Nem tampouco de como veem Aécio e o PSDB. Mas os petistas precisam enxergar que em relação a eles mesmos e seus governos, tais caracterizações só se encaixam mesmo num passado, já um tanto distante. Sobretudo desde 2003, quando assumiram a presidência da república, o PT e seus quadros se portaram e se portam também como playboys do capitalismo, alguns meio desajeitados, mas playboys, tal qual Aécio e o PSDB.

A política econômica de Lula, Dilma e PT é a mesma de Aécio e PSDB. Estão assentadas numa mesma base: desviar quase a metade do orçamento público para honrar a eterna agiotagem da dívida junto a banqueiros. À maioria da população, migalhas, arrocho, escolas e hospitais públicos quebrados, violência, propaganda enganosa... A não ser aos que veem o mundo através de um vidro fumê, isso é a realidade. É o presente de Dilma e do PT, que os petistas deveriam levar em conta também. Isto os faria inclusive entender por que muita gente não vota neles nesse segundo turno. Muitos votam é nulo ou nem vão votar.

Meus caros petistas, "philosophum non facite barba". Não entendam mal essa expressão, que traduzida para o português, dadas as peculiaridades da língua latina, ensina que "a barba não faz o filósfo" e não "o filósofo não faz a barba". Ou seja, não é a barba que torna alguém um ser reflexivo, um pensador.

Em analogia, podemos finalizar: não é o passado de Dilma e do PT que os tornam dignos de ter os votos da maioria da população. Até porque hoje esse passado eles deixaram de fato para trás...

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