PSTU mantém roteiro de cinema trash em nova nota sobre golpe contra Dilma e PT

14.12.15  16:42

Por Landim Neto, editor do Dever de Classe

O PSTU retocou em sua página na internet nota acerca do golpe contra o mandato da presidenta Dilma e PT. Mantém, no entanto, o roteiro de cinema trash de nota anterior sobre o mesmo  tema. Tal como em Sexta-Feira 13, onde o famoso e sanguinário assassino Jason é morto mas volta no finalzinho para dar mais um susto na plateia, a direção nacional desse partido prega a derrubada de Dilma e de (quase) todo mundo, e novas eleições gerais, para que na prática o bando do FHC, agora na figura de Aécio ou mesmo Alckmin, volte para aterrorizar ainda mais a vida da população.

Para tentar esconder, no entanto, que sua política só favorece o golpe, o PSTU, em sua nova velha nota esculhamba com ainda mais vigor Eduardo Cunha e todo o Congresso Nacional, diz-se novamente contra o impeachment e utiliza como chavão o chamado a um "governo dos trabalhadores", baseado nos sovietes, isto é, nos Conselhos Populares. Ou seja, continua a desconsiderar por completo o contexto em que lança tamanhas teses e permanece no terreno imaginoso da ficção, o que só pode levar esse partido é a mais isolamento.

Não à toa é que diz não entender, algo explícito também na "nova" nota, por que "o PSOL, ou movimentos que se dizem do campo das lutas, como a CUT, o MST e o MTST, sigam defendendo o PT e o 'Fica Dilma' usando o discurso vazio de defesa da democracia". Ou seja, o PSTU finge não saber porque está quase sozinho nessa questão. 

Diante disso, não seria oportuno perguntar também ao próprio PSTU por que ele, mesmo sendo de esquerda, segue defendendo, pelos fatos, o "Fora Dilma" e o "Volta PSDB", usando de forma oportunista o discurso da Revolução?

Segundo especialistas, o subgênero trash tem como duas de suas características básicas a contrução de "roteiros nada brilhantes e o improviso". O PSTU, pelo que defende, consegue chegar exatamente a isso. A partir da premissa correta de que Dilma e o PT, via ajuste fiscal & cia, estão na contramão dos interesses da classe trabalhadora, chegam à conclusão errada (dado o contexto atual) de que é preciso derrubá-la e chamar novas eleições, o que só favoreceria a direita ainda mais à direita, aliada à extrema direita, que certamente assumiriam o governo. 

Famoso adágio cristão diz que "Deus escreve certo por linhas tortas. Parafraseando, se não me falha a memória, o grande Millôr Fernandes, o PSTU consegue com sua política a proeza de escrever torto por linhas certas. Ou esse partido duvida que as tais novas eleições não seriam as mais corruptas e milionárias de todos os tempos? Ou o PSTU crê que a esquerda, sobretudo a que representa, teria qualquer chance em tal processo?

Alías, quanto a isso, outra curiosidade do roteiro trash traçado na "nova" nota do PSTU está no trecho: "Enquanto construímos na luta uma alternativa dos trabalhadores (o correto governo baseado nos Conselhos Populares), exigimos eleições gerais já para presidente, deputados, senadores, governadores e prefeitos

E para vereador, por que o PSTU não chama também logo novas eleições? Estará com receio de que não haja tempo para se organizar para o processo, o que certamente o levaria a perder as duas preciosas vagas que tem em Natal e Belém, representadas (muito bem, reconheça-se) por Amanda Gurgel e Cleber Rabelo?

O PSTU, temos sempre reiterado, tem o dever de denunciar (como aliás, sempre fez) toda e qualquer medida contra os trabalhadores e explorados do planeta, assim como tem ainda o direito de se construir e buscar ser maioria para um dia dirigir o próprio país. Mas não pode, paradoxalmente e movido a improvisos, reafirmamos também, correr o risco de ao final dessa atual etapa passar como mero coadjuvante de fascistas, ainda que esteja absolutamente certo em tudo o que aponta de errado nos governos do PT. Creio que dar o famoso passo para trás seria agora algo mais prudente. O trash chega a ser até muito divertido. Mas só nos terrenos da ficção.

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