O PSTU quer novas eleições para legitimar o PSDB

05.12.2015 15:58

Por Landim Neto, editor do Dever de Classe

O PSTU lançou em seu sítio na internet uma nota pública sobre o acolhimento do pedido de impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff (PT). A proposta, como já era esperado, vem com uma maquiagem de ultraesquerdismo para, na prática, defender uma política reacionária que só favorece mesmo a direita golpista do país, em particular o PSDB.

Diz o PSTU que "todos devem ser derrubados", desde Dilma e Temer até Cunha, Aécio Neves e todo o Congresso Nacional, que "é um antro de corruptos, comprometidos com empreiteiras, banqueiros, latifundiários e mineradoras como a Vale/Samarco e TODOS ELES vão continuar atacando nossos direitos para defender os bancos e as grandes empresas". (Grifos nossos). Ou seja, nem os parlamentares do PSOL devem escapar da guilhotina, já que também compõem o Congresso Nacional. Após a derrubada de todo mundo, sustenta o PSTU que é preciso chamar novas eleições gerais já, para que "o povo possa eleger e trocar quem quiser!".

Essa política irresponsável, risível se não fosse criminosa, deve ser rechaçada por todo e qualquer agrupamento de esquerda, em particular pelos que reivindicam o trotskysmo. Ela é fruto, pelo que propõe em si, de um delírio de um ou outro dirigente desse partido, que influencia as massas com a mesma intensidade que um pingo de chuva modifica o volume das água de um oceano. Ou seja, tal política não tem qualquer base no método marxista de intervenção sobre a realidade. Na prática, é apenas efeito do mundo paralelo em que o PSTU se embrenhou.

Ora, o que está em jogo no país é o afastamento concreto da presidenta Dilma. E todo o golpe é hegemonizado pelo PSDB, PMDB, DEM e seus congêneres Brasil afora, além da chamada "grande mídia", como Globo, Folha e Estadão. Isto é, pelo que há de pior e mais reacionário contra a classe trabalhadora e a maioria do povo. Não há, absolutamente, nada em torno da derrubada de Aécio,Temer, Alckmin, Caiado, Serra, Bolsonaro & Cia. Ainda que o Cunha venha a cair, é apenas um numa engrenagem golpista e criminosa de várias peças. 

Assim, qualquer apelo à derrubada de Dilma, ainda que da forma como o PSTU expõe, não passa de um serviço gratuito a golpistas, que querem assumir na marra a presidência da república para aplicar o que já defendem abertamente, ou seja, ajustes econômicos anos-luz mais à direita do que o próprio PT já faz.

Exemplo de ataque que pode vir pós-golpe é a redução do reajuste anual do salário mínimo, proposto por FHC como uma das saídas para a superação da crise. Ou ainda a privatização total da Petrobrás, Banco do Brasil, Caixa, BNDES e outros, política que para o PSDB é a alternatiiva para um Brasil melhor. Isto sem falar no novo modelo educacional do Alckmin, à base de cacetadas no lombo de estudantes e professores que ousam desobedecer suas ordens. 

É preciso destacar ainda, no entanto, que a tresloucada política do PSTU não é tresloucada apenas porque confunde desejo com realidade, ou seja, porque vende a ilusão de que na atual conjuntura é possível derrubar todo mundo. A demência "argumentativa" desse partido se mostra ainda mais preocupante quando fala em chamar as tais novas eleições gerais já, para que "o povo possa eleger e trocar quem quiser!"

O PSTU pensa que essas "novas eleições gerais já" seriam dirigidas por quem? Pelo próprio PSTU? E, nesta hipótese delirante, creem que os eleitores trocariam todo mundo apenas pelos candidatos desse partido, uma vez que, pelo que está em sua nota, colocaram até o PSOL na mesma vala do Eduardo Cunha?

É febre alta e viagem demais! Em caso de novas eleições, os comandantes do processo seriam os golpistas de direita, que buscariam isolar ainda mais os partidos com vínculos com a classe trabalhadora, como o próprio PSTU. Aliás, essa história de "novas eleições gerais já" é proposta também do PSDB (mera coincidência?), em particular de Aécio Neves, que defende esse tipo de terceiro turno para tentar se eleger, legitimar e assim encobrir sua pecha de golpista.

O PSTU, se tiver juízo, deve tomar um antitérmico e rever essa sua política. É possível a esse partido denunciar, de forma implacável, todo e qualquer ajuste fiscal ou medida contra os trabalhadores vindos do governo Dilma ou de outro qualquer. Mas é preciso também separar o joio do trigo e não se portar, ainda que finja não saber, como mero serviçal de golpistas. 

Esses golpistas, de tão golpistas e antidemocráticos que são, sequer aceitam o resultado de uma eleição pelo simples fato de que este lhe é desfavorável. O PSTU não pode ajudar a legitimar um atraso desses.

Leia a nota do PSTU

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