Golpe: A Veja explicou o que o PT parece se recusar a entender

Da Redação  Imagem: Agência Brasil

"Impeachment é essencialmente um processo político", diz a revista Veja em seu editorial deste fim de semana. O tabloide, de forma transparente, utiliza seu texto para explicar o que o PT parece se recusar a entender, ou seja, que está em curso no país tramoias para derrubar Dilma, independentemente de se a presidenta cometeu ilícitos ou não. Assim, sem rodeios, Veja informa que ela e a oposição estão a construir um golpe, e não uma negociação ética e séria sobre políticas de governo ou resultado de eleições.

Espera-se que o aviso sirva de alerta ao governo e a todos os contrários ao golpe que atuam de forma romântica nessa discussão. Desde o início desse processo, por volta do segundo semestre de 2014, que o PT e seus aliados priorizam as negociações de gabinete com parlamentares e a crença quase cega em instituições tipo STF e Cia para tentar barrar a derrubada da presidenta. 

São recorrentes os discursos, mesmo após Eduardo Cunha acolher o pedido de impeachment, de que "não há espaço para golpe, pois nossa democracia não pode ser abalada". Ou ainda que "as denúncias a favor do impeachment não têm base jurídica, logo a maioria dos parlamentares as rejeitarão".

Se Dilma e seus articuladores não se movimentarem de forma diferente, o mais certo é que a presidenta cairá, tal como defende e expõe a Veja. 

Ao menos em tese, para barrar o impeachment no congresso o governo só contaria hoje com o voto certo dos parlamentares do PT e PCdoB, além de uma espécie de apoio do PSOL e Rede contra o golpe. Mas esses agrupamentos são minoria. A maior parte dos deputados e senadores pertence a agremiações que costumam agir nesse tipo de processo com base em interesses meramente fisiológicos e pessoais. Ou seja, não merecem a menor confiança, pois podem decidir mudar de lado minutos antes da votação, dependendo de quem prometer mais.

Quanto às demais instituições, elas também são feitas por indivíduos, que têm preferências políticas e pessoais, como qualquer deputado ou senador. Basta ver no que se baseia o pedido de impeachment ("pedaladas fiscais"), condenadas ineditamente em um desses órgãos que o PT tanto acredita. Apenas por aí pode-se ver aonde isso pode chegar.

A diferença nesses casos, o PT sabe muito bem, é a chamada força das ruas. Se Dilma e os petistas não conseguirem mobilizar muita gente, o mais provável é que nas negociações de bastidores o PSDB e seus aliados levem a parada, sobretudo por contar com o apoio fatal do Temer (PMDB), decididamente hoje um dos maiores articuladores do golpe.

Assim, por mais doloroso ou inviável que possa parecer ao governo, é preciso urgentemente mudar essa política econômica recessiva contra os trabalhadores. Neste sentido, é necessário inclusive retomar direitos elementares atacados recentemente, como o seguro-desemprego e a pensão das viúvas. 

Sem isso, de fato fica mesmo muito difícil apelar apenas aos sentimentos democráticos das pessoas. Além do enorme aparelho a disposição dos golpistas, como a grande mídia, vários partidos (inclusive gente da base do governo), o gás mesmo da oposição é a insatisfação popular crescente com os rumos das políticas adotadas por Dilma e seus ministros.

E é, por fim, a essa insatisfação popular que a Veja se refere, nas entrelinhas, como elemento político para justificar o golpe. A Veja explicou o que o PT parece se recusar a entender.

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