O discurso apequenador

10/10/2015 10:15
Por Élcio Caldas, Votuporanga-SP

Os governos petistas durante dez anos surfaram em altos níveis de popularidade, até que veio a onda conservadora de direita, deflagrada em junho de 2013. Utilizando as armas da calúnia, da difamação e da desinformação, as forças burguesas, com maciço apoio de sua mídia vagabunda e golpista, como uma avalanche, permitiu que o discurso conservador assumisse o protagonismo das ações no país. 

O objetivo da direita era claro. Apear o PT do poder, ao mesmo tempo em que destruiria por completo sua credibilidade.

Tal ofensiva pegou o governo de surpresa. Despreparados para a súbita tormenta, como baratas tontas tanto os membros do governo como a cúpula do PT corriam erraticamente de um lado para o outro. O que fazer para deter a onda conservadora e dar uma resposta adequada e convincente à sociedade?

Passado o primeiro choque e após breves e contraditórias elucubrações, a resposta veio através da adoção de um programa, vejam só, de melhoria de mobilidade urbana, atrelado à realização da copa do mundo, em junho de 2014 e a edição de alguns decretos de combate à corrupção, o tema predileto da direita conservadora. 

Embora possibilitasse a reeleição de Dilma, a iniciativa governamental teve o terrível efeito colateral de aumentar excessivamente os gastos do governo, uma vez que tais obras não estavam inteiramente contempladas no orçamento da união. 

Outro ponto a observar é que além de não dar uma resposta adequada á multiplicidade de mentiras, calúnias e acusações da direita, de certa forma validou o discurso infame, ao ser obrigado a fazer ajustes fiscais para reequilibrar as contas governamentais, contribuindo para que a direita inculcasse ainda mais no imaginário popular que o PT e seus governos são incompetentes, corruptos e sem credibilidade. Afinal, rechear o governo com ministros conservadores não contribui em nada para desmentir o discurso da direita. Parece que a esquerda ainda não aprendeu que a direita utiliza e explora cada mínima fraqueza para realizar seus infames ataques.

E chegamos ao momento atual, com a direita e seu discurso apequenador ainda dando as cartas e sendo protagonista das ações. 

Em vez de estarmos discutindo os problemas brasileiros, saídas para o enorme endividamento público, novas formas de consolidar nossa comprovadamente frágil democracia, novos pactos federativos, meio e métodos para o desenvolvimento do país, formas e inovações para aumentar a cidadania e a justiça social, estamos miseravelmente discutindo "impeachment", um assunto que nem deveria constar da pauta de discussões do país. 

Pior ainda, estamos assistindo inertes o juiz Moro paralisar o Brasil, com suas intermináveis investigações geradoras de desemprego, insegurança e pessimismo.

É muito pouco para um país do nosso tamanho.

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