O capitalismo e a crueldade contra os animais

25/01/2014 10:25

Por *Elidimar Almada

O capitalismo, por excelência, é um sistema desigual. Embora tudo seja produzido coletivamente (desde um simples parafuso a um sofisticado automóvel ou computador), a apropriação é individual. Um dono chega, pega a produção e utiliza para acumular, muitas vezes em rítimo frenético, lucros, lucros e mais lucros.

O resultado concreto disso é desigualdade, crueldade e brutalização do ser humano, o que leva bilhões de pessoas a banalizar coisas monstruosas e absurdas, como se tudo fosse natural, inevitável  e até necessário. Por exemplo, segundo a FAO (Fundo para a Agricultura e Alimentação), todo ano se produz no planeta comida para alimentar 12 bilhões de pessoas, o dobro da população mundial. No entanto, como o setor de alimentos é controlado com mãos de ferro por meio dúzia de grandes capitalistas, milhões de seres humanos amargam a fome diariamente: crianças, jovens, adultos e idosos. Coisa de "Deus, do destino e do além", muitos creem, ingenuamente.

Mas se o capitalismo é cruel contra as próprias pessoas que o mantém, gera ainda mais crueldade contra os animais. Caça predatória e muitas vezes para fins de lazer ocorre em todo o mundo. Muitas espécies são extintas por conta disso. Pássaros são aprisionados em gaiolas para "cantar" para seus donos. Cães e gatos são apedrejados nas ruas e muitas vezes até por quem os pega para criar. E a maneira como os animais são abatidos para consumo humano, na ampla maioria do planeta, equivale a cenas de terror capazes de fazer corar John Luessenhop, diretor do lendário "O massacre da serra elétrica". 

Isto tudo sem falar nos lucrativos rodeios (tortura pura), e no uso de bichinhos como cobaias de laboratório ou como animais de tração. Doi na alma ver um jumento, burro ou égua serem chicoteados para carregar pesadas cargas em carroças. Muitos morrem por conta disso e são abandonados no meio das ruas.

Nada disso (é triste mas necessário dizer) será extinto dentro da lógica da sociedade capitalista. Só uma sociedade que se guie pela solidariedade, igualdade e respeito à natureza e aos animais pode superar tudo isso.

No entanto, muitas medidas podem ser tomadas aqui mesmo no mundo atual. Ao menos para amenizar tanta imagem ruim. 

Leis mais rigorosas podem ser criadas para punir quem caça predatoriamente. Rodeios devem ser proibidos e abatedouros devem se equipar de tecnologias para que ao menos na hora da morte animais não sofram tanto. Na mesma medida, deve-se proibir o uso de animais como cobaias de laboratório e punir, rigorosamente, quem espanca cães, gatos ou outros animais. 

Carroceiros e suas famílias devem ser amparados pelo Estado, que deve lhes educar, humanizar e preparar-lhes para outro tipo de atuação profissional. Se não puderem deixar as carroças, que se equipe esses veículos com um motor a gasolina ou outro combustível, tudo com subsídios públicos. Afinal, o nome é carroça, derivado de carro. 

E pelo menos campanhas educativas devem ser feitas para se difundir a ideia de que pássaros não nasceram para viver em gaiolas. Nada de crueldade contra os animais.

*Elidimar Almada é Bióloga.

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