Marina, nem vigarista nem séria, muito pelo contrário

01/10/2015 07:44
Da Redação

Marina Silva acaba de conseguir o registro do seu "novo" partido, o "Rede Sustentabilidade". Em entrevista à Folha de São Paulo, a ex-ministra do Meio Ambiente no primeiro governo Lula repisa a ladainha de que sua agremiação não será "nem de esquerda nem de direita". "Estará à frente", é o bordão que utiliza. Talvez por isso, alguns políticos oportunistas (de direita e esquerda) já começam a migrar para sua legenda.

Marina, embora hoje autoproclame-se como o "novo" da política nacional e seja dona de um histórico de lutas no campo da esquerda, já a partir do governo Lula enveredou por descaminhos quanto à sua própria trajetória política anterior. Em 2012, o líder seringueiro Osmarino Amâncio, velho companheiro da própria Marina em defesa dos povos da Amazônia, denunciou em entrevista que: 

"A ministra Marina Silva garantiu a parte jurídica para a destruição da Amazônia. Ela aceitou o transgênico, que é totalmente inaceitável na Europa. Ela ajudou a implantação do Projeto Gestão de Florestas Públicas (dispõe sobre a concessão e gestão de florestas públicas para produção sustentável) que, na verdade, trata-se da mercantilização da Amazônia". Ver mais aqui

Ou seja, pelos fatos, há tempos Marina já é mesmo é o "velho". Suas duas candidaturas à presidência da república mostraram isso com mais nitidez. Em 2010, teve como vice Guilherme Peyrão, sócio da Natura e um dos maiores empresários nacionais. "Peyrão é a 463ª pessoa mais rica do mundo e a 13ª do Brasil na lista anual de bilionários da revista americana Forbes - uma fortuna estimada em 2,1 bilhões de dólares". Talvez por conta da "novidade" que representava seu vice, o  programa que defendeu nesse pleito, apesar de uma série de arrodeios retóricos, na prática nada tinha de novidade em relação à ruptura com a política econômica aplicada pelo PT, que também na prática é a mesma dos tucanos.

Nas eleições de  2014, Marina foi até mais longe nesse tipo de ímpeto "inovador". Após aceitar ser vice de Eduardo Campos (herdeiro do velho coronelismo pernambucano), a atual líder da "Rede Sustentabilidade" acabou por assumir a campanha, após a morte inusitada do titular. O que defendeu de novidade? Além da velha retórica salvacionista com a qual se ornamentou nos últimos tempos, a ex-defensora dos povos da Amazônia pregou o fim da autonomia do Banco Central, o que aliás é uma velha proposta do PSDB. E, no segundo turno, embora Dilma tenha dado uma giro à esquerda, Marina declarou publicamente apoio a Aécio Neves que, dentre outras novidades, defendia privatizar todas as empresas lucrativas do país.

Marina e seu "Rede Sustentabilidade" podem até não ser sérios ou vigaristas. Mas que são grandes oportunistas, são. 

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