Lastimável: Brasil é o maior consumidor mundial de alimentos com produtos cancerígenos

05/10/2015 11:17

"Pobre tem que comer mesmo alimentos com defensivos", isto é, veneno, diz a ministra da agricultura, a ruralista Kátia Abreu

 
Por Carla Falcão, Porto Alegre-RS    Imagem: Agência Brasil

Relatório do Instituto Nacional de Câncer (Inca), divulgado em abril deste 2015, aponta que o Brasil é o maior consumidor mundial de produtos cultivados com agrotóxicos, o que torna nossa população bastante vulnerável a uma série de enfermidadades, em particular ao câncer. Muitos dos pesticidas que são livremente comercializados em nosso país já estão proibidos nos EUA, China, Europa, vários países da África e outras regiões do planeta.

Segundo esse estudo, cada brasileiro consome em média 5,2 kg de veneno agrícola por ano. Diante disso, o Inca alerta as autoridades brasileiras para a necessidade de redução progressiva no país de substâncias hostis à saúde do povo.

Presidenta Dilma não acredita nos estudos do Inca

Como quem não conhece ou não acredita nos estudos cintíficos do Inca, a presidenta Dilma mantém no Ministério da Agricultura a ruralista Kátia Abreu, uma ferrenha defensora do agronegócio e do uso de agrotóxicos na produção de alimentos. Tal fato desagrada inclusive o MST, combativo defensor da Reforma Agrária e contra a política indiscriminada de uso de agrotóxicos no campo.

Em vídeo gravado na Tribuna do Senado, a "rainha da motosserra", como é chamada pelo greenpeace, diz que "pobre tem que comer mesmo alimentos com defensivos, isto é, veneno. Alega, nessa mesma fala, que para produzir alimentos orgânicos para todo o povo brasileiro seria necessário extensão territorial de pelo menos quatro brasis ou mais.

Declarações como essas da ministra, em qualquer país minimamente sério, a excluiria de qualquer possibilidade de convite para comandar órgãos públicos, sobretudo em pasta tão crucial para a vida humana, como o Ministério da Agricultura. Além do mais não procede (inclusive em setores produtivos rurais capitalistas), a falácia de que "só é possível produzir alimentos para o povo com o uso de agrotóxicos ou em vastíssimas áreas, tal com os quatro brasis ou mais que a ruralista-ministra fala.

Segundo o agricultor Fernando Ataliba, de Indaiatuba-SP,  "não há nenhuma dificuldade em produzir alimentos orgânicos para alimentar o povo. Não há dificuldade técnica". Como exemplo, ele cita o Sítio Catavento, nessa cidade, que tem apenas 20 hectares de agricultura e produz trezentas toneladas de alimentos por ano. "E alimento de altíssima qualidade", sustenta. 

Para Ana  Primavesi, agronôma, agricultora e pioneira da agroecologia no Brasil, o problema está na ganância da indústria do agronegócio e da produção de pesticidas. Ela informa que que eles sabem qual a tecnologia correta a ser usada, mas não querem perder seus altos lucros.

E a raíz do uso indiscriminado de veneno nas plantações é exatamente esse: o dinheiro. Apenas a Monsanto, uma das gigantes desse setor, lucrou apenas no primeiro trimestre de 2014 858 milhões de dólares. E a Coamo, do centro-oeste do Paraná, movimentou R$ 8 bilhões também no ano passado.

O governo brasileiro preciva rever essa sua política agrícola de produção de alimentos. Como alerta o Inca, é preciso parar de investir no surgimento de doentes futuros em nosso país.

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