Dilma e o PT cavam também o próprio impeachment

04/02/2015 14:39
Da Redação

É fato que continua o movimento golpista pelo impeachment da presidente Dilma. Do extremista e fascista Bolsonaro ao príncipe da privataria FHC, direitistas querem surrupiar o mandato da presidente e destronar o PT do Planalto mais cedo. Nesse contexto, os petistas ajudam também a cavar a própria cova, como tentaremos demonstrar mais abaixo.

Segundo artigo assinado pelo famoso advogado Ives Gandra Martins, no site da Folha, "há fundamentação jurídica para o pedido de impeachment". A tese levantada é que Dilma "teria culpa" nos escândalos da Petrobrás. Na verdade, Gandra se refere nesse artigo a parecer que elaborou sobre essa questão, a pedido de advogado ligado a FHC.

Ou seja, a coisa do golpe não está apenas na histeria de jovens ricos e fanatizados, via redes sociais, ou na mera cretinice de politicos como Bolsonaro, Caiado e o próprio FHC. Os articuladores golpistas começam a colocar em cena figuras vistas como "éticas, sérias e capazes" pela população, em particular pela classe média. O parecer de Gandra visa dar um argumento de autoridade ao caso, no campo jurídico, para tentar desviar as reais motivações do pleito, que são de ordem política. Com isso, buscam criar um clima onde cada vez mais pessoas passem a simpatizar com a ideia do impeachment, tal como ocorreu, por exemplo, no caso Collor.

Dilma e o PT, pelo que demonstram, parecem ter uma leitura no mínimo muito diferente desta que aqui apresentamos. Não à toa, aprofundam uma política de ataques aos trabalhadores e à maioria da população, o que, a curto prazo, cria cada vez mais antipatias em relação ao seu governo. O pacote covarde de malvadezas contra direitos trabalhistas e previdênciários (restrições ao seguro-desemprego e mutilação nas pensões das viúvas, por exemplo) são exemplos concretos disso. E há ainda o aumento de impostos, tarifas de água, luz e combustíveis, bem como cortes em verbas das já combalidas educação e saúde públicas, o que também distancia e muito o povo do governo petista.

Como o próprio Ives Gandra esclarece em seu parecer pró impeachment, esse tipo de processo no Congresso é mais político que jurídico. Ou seja, um presidente não é afastado porque roubou isso ou aquilo, mas sim porque entrou em desacordo grave com quem de fato detém o controle político-econômico no país e também perdeu muito apoio popular. Basta ver, por exemplo, o caso FHC, que cumpriu no prazo seus dois mandatos. No segundo mandato, tinha pouquíssimo apoio da população. No entanto, os muito ricos não lhe eram hostis.

Com Dilma e o PT hoje é diferente. Embora sigam a agenda dos muitos ricos, alguns entre estes querem suas cabeças. Com isso, em caso de processo formal de impeachment no Congresso, quem sairá às ruas para defender o mandato da presidente?

O mais provável é que a classe trabalhadora, que perde direitos com o governo Dilma, lhe vire as costas. Ou no mínimo se abstenha da discussão. O mesmo tende a ocorrer com outros amplos setores da sociedade. Sufocados por tanto arrocho, muitos podem inclusive sair às ruas... Mas para engrossar o coro dos golpistas.

Assim, Dilma e o PT cavam também seu próprio impeachment.

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