O Conselho de Ética da Câmara antecipa para a quinta-feira (19.11) a análise de parecer preliminar sobre representação contra Cunha. Isto poderia resultar na cassação do presidente, não fosse o fortíssimo domínio que esse "nobre" parlamentar tem sobre a maioria dos deputados
Da Redação Com informações de: www2.camara.leg.br Imagem: Luis Macedo/Câmara dos Deputados
O deputado Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical (SD-SP), é um dos principais advogados de Eduardo Cunha na Câmara. Neste sentido, alerta que o Conselho de Ética da casa poderá "não ter condições de julgar" o parecer preliminar em que o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) recomenda a admissibilidade da representação do Psol e da Rede contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, por quebra de decoro. Ou seja, Paulinho quer blindar Cunha por tempo indefinido.
Esse deputado alega que antes é preciso avaliar a defesa de Cunha, que ainda não foi apresentada. Segundo diz ainda: "Houve um erro grave do relator ao antecipar o seu parecer, porque teria de ser garantido o direito de defesa e isso não aconteceu".
O deputado Pinato explicou, no entanto, em entrevista coletiva, que tomou essa decisão por entender que, em tese, a denúncia preenche todos os requisitos formais para ser investigada, como tipicidade e indícios suficientes. Diante disso, o próprio Pinato pediu a antecipação da reunião do Conselho.
Desculpas esfarrapadas de sempre
Cunha continua a alegar que "é inocente e ressalta não ter cometido nenhuma irregularidade e que foi escolhido para ser investigado como parte de uma tentativa do governo de calar e retaliar a sua atuação política". E mais: afirma que "os recursos usufruídos por ele no exterior vêm de negócios de venda de carne no continente africano. Um santo homem, não restam dúvidas.
Ora, no processo contra Cunha, o Psol e a Rede demonstram que no depoimento prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras em março deste ano, Cunha negou ter contas bancárias no exterior não declaradas à Receita Federal. Denúncia feita pela Procuradoria Geral da República, no entanto, e ainda declaração do lobista Júlio Camargo à Justiça Federal contradizem as alegações do presidente. Portanto, há sim indícios suficientes para a investigação de Eduardo Cunha no Conselho de Ética.
Na verdade, o que Eduardo Cunha e seus defensores como o Paulinho da Força Sindical querem mesmo é ganhar tempo para articular com mais precisão uma enorme pizza para esse caso. São especialistas em manobras para se safar dos recorrentes delitos que cometem.
A pizza pode ser abordata, no entanto, se houver uma forte mobilização popular. Diante da força das ruas, nem a força do Paulinho ou as malandragens do Cunha podem se segurar.
