Horror! Brasil, campeão de violência contra professores. O que fazer?

30/10/2015 13:45

"Eu tava corrigindo provas, um aluno que tirou nota baixa me deu um soco tão violento pelas costas que desmaiei". Cláudio Siqueira, Fortaleza-CE

Imagem: pixabay

Por Rubens Azevedo, advogado, Rio de Janeiro. Escândalo! É a aluna que agride a tapas a diretora. É o aluno que agride o professor com uma enxada. Violência toma conta das escolas (sobretudo das públicas) e produz agressões verbais, morais e físicas contra professores em todo o Brasil. Manchetes de jornais, TV's e portais denunciam isso diariamente. O que fazer?

Pesquisa divulgada em 2014 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico-OCDE aponta que o Brasil, dentre trinta e quatro países pesquisados, é o campeão de violência contra professores dentro das escolas. O estudo abrangeu um universo de cem mil docentes e diretores de estabelecimentos de ensino, dos ensino fundamental e médio.

 

Enquanto que a média geral de violência contra educadores dos trinta e quatro países é de 3,4%, a do Brasil chega a 12,5%. Apenas a Estônia (11%), e a Austrália (9,7%), se aproximam desse vergonhoso índice brasileiro.
 

Causas

 

Para a pedagoga Maria Ester Assunção, de São Paulo, uma das causas desse problema é o clima de liberalização geral criado pelo instituto da aprovação automática mantido irresponsavelmente no país. "O aluno sabe que não será reprovado, por isso pode tirar zero que continuará tudo bem, será promovido do mesmo jeito. Com isso, passa a enxergar no docente um ser inútil em que se pode inclusive bater, caso ele seja 'caxias' ou chato, como dizem", destaca a estudiosa.
 

Outra causa desse mal, possivelmente a maior, aponta o Dr. Pedro Bittencourt, psicólogo no Rio de Janeiro, é a desestruturação familiar dos alunos, em particular das escolas públicas. "Estudantes de pais separados, subempregados ou sem emprego, com histórico de alcoolismo ou outro tipo de problema relativo a drogas envolvendo seus responsáveis, no geral tendem a ser mais violentos dentro das escolas", afirma. "É como se quisessem 'descontar' nos professores a falta de estrutura e o ambiente de estresse que têm em suas próprias casas", conclui.

Consequências e saídas

Seguramente, a violência nas escolas é um dos maiores estímulos ao afastamento de professores da sala de aula, seja de modo temporário, através de licenças, seja com pedidos de demissão. E há, obviamente, como consequência muito grave, sequelas físicas, em caso de agressões dessa natureza, e/ou psicológicas, quando se trata de ataques morais.

É preciso que tal problema seja enfrentado de forma séria. Governos de uma forma geral devem promover uma campanha nacional e delimitar campos de forma dura entre o que os alunos podem e não podem fazer dentro dos estabelecimentos de ensino. Sem autoritarismos, é preciso deixar claro que violência contra professores ou outras pessoas quaisquer serão punidas com bastante rigor, inclusive com expulsão sumária em caso de agressão física ou moral. E, em se tratando de maiores de idade, a polícia deverá ser acionada. Sem vacilações.

Os governos, evidentemente, precisam compreender que a violência, seja a geral ou essa mais específica contra professores, têm no fundo uma origem social. Quanto mais desestruturadas são nossas escolas públicas, e quanto mais desigual for a sociedade, mais violência pipocará de todos os lados. É preciso, pois, promover justiça social neste país.

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