Ana Carolina lança o CD-DVD que mostra sua paixão pela pintura
Quando Ana Carolina não está nos palcos, na turnê que deu origem ao discoEnsaio das cores, é bem provável de que ela esteja pintando com um de seus 150 pincéis. Afinal, ela diz ficar de “de oito da noite até cinco da manhã” criando seus quadros.
Em entrevista, a cantora e artista fala de seu novo CD-DVD ao vivo, mas se empolga mais ao detalhar a paixão por cores e telas. Ana Carolina descreve a força das novelas, elogia sua banda só de mulheres e conta que a amiga Cássia Eller (1962-2001) costumava andar pelada pela casa.
– Eu comecei a pintar em 2000 e poucos. Quando vi tinha várias telas em casa, meus amigos pediam e eu não tinha vontade de fazer nada com aquilo. Não conseguia descobrir o momento que a tela acabava, continuava pintando eternamente. Chegou uma hora que pensei: só se for para fazer um projeto, ou fazer leilão para uma ONG. Pensei na associação dos diabéticos, porque sou diabética desde os 16 anos. Depois, pensei no show com músicas sobre o assunto (Azul do Djavan; Rai das cores do Caetano). Consegui o link que precisava entre as telas e as músicas.– diz Ana Carolina
A cantora desenvolveu uma espécie de obsessão para se manter saudável, que influencia até seu projeto Ensaio de cores. As telas, que ela pintou para o cenário do show, agora registrado em CD, terão parte do dinheiro de sua venda revertida para ONGs de prevenção à doença.
— Faço o exame do dedinho 12 vezes por dia. Não abro mão, faço mesmo. Como você faz para controlar a diabetes? Tendo informação sobre o seu corpo, e milhões de brasileiros não sabem que são diabéticos. Quando descobrem já estão com os rins comprometidos — diz ela.
Por isso, Ana quer ajudar quem precisa a entrar nessa batalha o quanto antes .
— Ser diabético é lutar sempre, 24 horas, 365 dias por ano. O meu esquema é me observar. A glicose está subindo, opa, vou tomar insulina. E comer porque está caindo. Não posso desistir de mim — garante ela, que no início enfrentou dificuldades para se tratar. “Quando descobri não tinha grana nenhuma, juntava dinheiro para comprar corda de violão e fazia xixi numa fitinha para ver a glicose. É uma doença que é cara, mas hoje o SUS dá insulina. E o importante não é dieta rígida, mas seus exames estarem bons. O último e-mail do meu médico dizia que os meus estão excelentes.”
E a vontade de aumentar a informação sobre a doença tem movido Ana Carolina a falar sobre o assunto.
“Tem uma menina diabética que frequenta os meus shows e vejo que ela tem muita força por minha causa. Ela me disse que ouvia meu disco e pensava: “A Ana leva uma vida normal”. Ajudo essa menina a não parar de lutar. E isso se reflete na minha carreira. O Ensaio de cores” é um projeto na contramão. Seria fácil viver à sombra do sucesso, mas isso não quero fazer.”
A primeira exposição individual da cantora e artista começou neste mês na galeria Romero Britto, e ela diz que fica de oito da noite até cinco da manhã pintando suas telas, que Compra a lona, lava a lona e fica horas preparando as misturas, ela tem 150 pincéis.
— No dia da vernissage, eu parecia uma noiva no dia do casamento. Estava “nervosassa”, pensando: “o que eu vou falar?”. Foi muito doido. Todo mundo fica olhando, avaliando, discutindo sobre aquilo. Eu fiz um monte de loucurinha até achar a minha onda. Tinha uma coisa meio [Jackson] Pollock de jogar a tinta na tela.
Ana Carolina planeja ter um filho em 2012, mas ainda não sabe como
Sem ninguém no momento — “não estou namorando, não, mas também não estou solta na pista” , Ana diz que não descartaria a possibilidade de ter uma relação com um(a) fã. “Por que não? É uma loucura o assédio. É homem, mulher, tem de todos os tipos. Se não for uma pessoa fanática, acho que não tem o menor problema”, avalia.
Ana Carolina parece ter tudo o que quer. Mora numa casa dos sonhos, com vista para a Lagoa e o Cristo, tem muitos discos de ouro pendurados na parede (reflexo de uma década de sucesso), livros, instrumentos musicais e telas que ela mesma pinta. Fica até difícil pensar na falta de alguma coisa quando há tanta abundância em volta. Mas, apesar disso, ela vive hoje o grande dilema de sua vida: ser ou não ser mãe?
Vou ter um filho agora? Vou fazer inseminação artificial? Procurar uma barriga de aluguel, uma pessoa vai gerar para mim? Sou diabética e dizem que a criança pode nascer com hipoglicemia, ir para a incubadora”, diz Ana, que se declarou bissexual em 2005 e está solteira. “Eu paro três horas do meu dia para pensar sobre ser mãe. Conversei com o meu médico. Tenho 37 anos. Daqui a pouco, vou ter que tomar uma decisão. Sofro com isso. Esse é o dilema de 2012”, revela.