Você já sofreu assédio moral no trabalho?

06/10/2015 07:45

Dentre os prejuízos trazidos pelo assédio moral, registra-se, frequentemente, a angústia, o choro, mal-estar físico e mental, irritação ou falta de disposição e de interesse pelo trabalho, com baixa produtividade. O crescimento gradativo e a repetição do ato assedioso repercutem na vida pessoal, provocando mudança de comportamento, tristeza, isolamento, sentimento de culpa, pensamento ou até tentativa de suicídio

Combater o Assédio Moral e construir a solidariedade no trabalho
Artigo de Maria Madalena Nunes - Militante Sindical e Especialista em Direito Humanos

O debate acerca do assédio moral no ambiente de trabalho é resultado do processo histórico de luta dos trabalhadores em defesa dos seus direitos, destacando-se a tese de que a exposição de trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras é uma agressão à pessoa humana. 

Para Cogo (2006), a construção histórica da dignidade da pessoa é uma garantia inalienável, expressa como princípio fundamental da Constituição Brasileira de 1988, como garantia de valores sociais e liberdade no trabalho. Princípios que fazem parte de um legado histórico que ao longo dos tempos vêm adquirindo um caráter universal. Várias declarações e recomendações procuram alcançar toda a humanidade, independente da situação cultural, social ou econômica. 

Barreto (2006, p.94), enfatiza a transformação e compreensão histórica do conceito de trabalho e afirma que, apesar dessa construção, as transformações no mundo capitalista, com novas tecnologias, metas de produção, qualidade total e profundas mudanças no modelo de gestão, afetam diretamente o mundo do trabalho, onde a produtividade e qualificação estão associadas à competitividade, ao individualismo e à precarização de direitos. Conclui a autora que a presença do assédio moral afeta diretamente o exercício do direito da pessoa humana, tanto no que se refere à liberdade, quanto à dignidade. Num contexto mais específico, se existe assédio moral a pessoa tem sua liberdade oprimida e a dignidade aviltada. 

Verifica-se também que a violência moral constitui uma clara violação aos direitos humanos, tendo em vista a humilhação e constrangimento que produz na pessoa assediada e o seu caráter discriminatório, tornando-se um grande inimigo no espaço laboral. 

As manifestações mais comuns do assédio moral passam pelo isolamento da vítima como forma de impedir a sua manifestação; atos ou ações que visam fragilizar, ridicularizar ou inferiorizar diante de colegas; vigilância acentuada e constante sobre a vítima; ausência de atribuições, provocando sensação de inutilidade ou trabalho em excesso, que esteja acima de sua capacidade, com a finalidade de desqualificar a vítima. 

As consequências são lentas e sem percepção inicial, pois se consubstanciam em formas “invisíveis ou sutis de adoecimento” - ansiedade, estresse, depressão. Com o passar do tempo, a repercussão na saúde se agrava e já não resta mais dúvidas de que as condições de trabalho estão degradadas e a vítima emocionalmente desestabilizada. 

Dentre os prejuízos trazidos pelo assédio moral, registra-se, frequentemente, a angústia, o choro, mal-estar físico e mental, irritação ou falta de disposição e de interesse pelo trabalho, com baixa produtividade. O crescimento gradativo e a repetição do ato assedioso repercutem na vida pessoal, provocando mudança de comportamento, tristeza, isolamento, sentimento de culpa, pensamento ou tentativa de suicídio etc. 

As orientações de combate ao assédio moral passam pela resistência individual e coletiva, tendo como referência a solidariedade e ajuda mútua. Nesse sentido, é preciso anotar tudo o que acontece: registrar, coletar e guardar provas do assédio; conversar com o agressor sempre em presença de testemunhas, buscando reforçar os laços de solidariedade no local de trabalho como forma de coibir a agressão. 

A denúncia é outro passo importante, iniciando pelo departamento de recursos humanos da empresa ou órgão. 

O sindicato é outro aliado imprescindível e deve ser colocado a par de todos os acontecimentos. E Também os setores médicos e jurídicos, o ministério público, comissão de direitos humanos, dentre outros, precisam ser buscados. Assim se constrói uma rede de solidariedade e resistência, pois a luta pelos direitos humanos é uma forma de garantir um ambiente de trabalho saudável, livre do assédio moral e um passo importante na conquista de uma vida digna.

Créditos das imagens

Foto inicial: pixabay
Foto Madalena: arquivos Dever de Classe

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