O carcereiro e o estado de exceção

22/07/2015 21:01
Por Renato Uchôa (Educador)
Por Ana Paula Romão (Educadora)

Ninguém pode negar. A exceção, ou milhares delas na fase adulta, vestidas com as camisas padrão FIFA no desfile do preconceito, intolerância e exclusão; vai para aquele que foi criado espancando a babá. Tapa no rosto, puxadas no nariz o dia todo... A cauda do gato vira um pião no giro. É o inferno na terra com a conivência dos pais. Não tem limite. É o processo de iniciação dos pivetes no poder de mando. Mandar em todos e em tudo pela frente à vida toda. A essência da violência é gestada, polida no berço, principalmente no esplêndido, permitido pela exploração de uma classe sobre outra. De poucos, que açoitam os outros berços de madeira ou cama de papelão. A outra que vem dos becos escuros, da revolta popular nas favelas, dos formigueiros desumanos do espaço dividido. No campo e na Cidade. Vem no pacote da escritura da divisão das riquezas, do difícil e quase impossível acesso a ela. Cartão de crédito pripinado, ou propinado, na assinatura. É inexorável que a festa do reinado um dia espoque. Não serão traques e foguetes no pipoco. À exceção, a contrapartida é do amor depositado no carinho, que milhões de empregadas domésticas têm com as crianças que cuidam. Não agradecem, excetuando uns poucos da elite. A exceção não tem regra. Regra e rega cotidianamente àqueles predestinados futuramente a ocupar o Aparelho de Estado. Como extensão dos mini reinos familiares, com a benção dos pastores do dízimo, da venda de terrenos no Céu e perfume com cheiro de Jesus. A ameaça às camadas subalternas da vinda iminente do capeta, do diabo canhoto (esquerdo), do gramunhão... Aumenta as vendas. Não conhecemos nenhum diabo que seja destro, mas, na verdade todos eles escrevem com a mão direita. A exceção subverte a regra, se apropria, se confunde, se torna a regra e vai dominando o processo de construção da democracia no país, contraditoriamente. O juiz moro é o modelo. Não sabemos se foi criado assim. Não se sabe se algum dia deu um pio em favor do avanço da democracia brasileira. O que se sabe é que sempre perambulou nas sombras. Da AP 470 comandada pelo feitor Joaquim Barbosa na condenação de vários sem provas. O que é público e notório, quando advogado, os préstimos jurídicos pra livrar cachorros grandes no desvio de verbas públicas na República Corrupta do Paraná. Todo bandido ou inocente tem o direito constitucional de defesa nos processos legais. Nenhum problema ao defender um constituinte. É para isso que os advogados se preparam. O que se torna escandalosamente notório é a vocação que ele tem pra ser carcereiro, para subversão da ordem constitucional na ânsia de prender sem provas. Prende inocente, inocentes culpados sem prova. Usou a estrela do PT é suspeito. A exceção é a regra que permeia claramente o processo em curso que colocou o PT em estágio letárgico faz anos. O juiz Moro é a regra da justiça brasileira usando a exceção como bíblia na cruzada para destruir a esquerda no Brasil. As casas funerárias do STF, STJ, Congresso Nacional, que se tornou uma Casa de Tolerância da intolerância, com todos os tipos de prostitutos contra as camadas populares, a PF sem controle... Têm planos a preços módicos para fazer o enterro do PT. Não façam barulho no velório anunciado. A direção do PT, o obtuso ministro da justiça Cardoso, dorme como nenéns de sono profundo. Qualquer um pode ser preso, bem vindo ao Estado de Exceção, com a conivência do processo democrático. Mãe Carlota foi a minha babá de coração, meu coração. Elha balançou a baladeira de Ana, e pulou no poço para salvá-la quando tinha três anos. Nem nós, nem elas deixamos o juízo apodrecer. Resistir é preciso.

Envie e-mail

by FeedBurner