Nelson Barbosa não é assim tão diferente de Joaquim Levy

19/12/2015 13:01

Da Redação  /  Imagem: Agência Brasil

A saída de Joaquim Levy do Ministério da Fazenda reacendeu em muitos adeptos do "modo petista de governar" uma nova esperança. Afinal, Levy autoproclama-se um neoliberal convicto e vê no "deus mercado" a saída para todos os problemas da humanidade, bem diferente, como dizem muitos, de Nelson Barbosa, que será mais afeito às questões sociais. 

Isto é o que se vê em editoriais de noticiários em todo o país, como por exemplo na Folha de São Paulo, que expõe sobre este tema a opinião do cientista social André Singer, ex-assessor de Lula em seu primeiro mandato. "Depois de ter tomado caminho por completo equivocado, o lulismo volta aos próprios trilhos", disse Singer em seu artigo.

Mas será que Nelson Barbosa pensa assim tão diferente de Joaquim Levy? Os fatos indicam que não. Embora tenha formação acadêmica distinta da de Levy, Barbosa é também adepto do liberalismo como regulador da economia. Ou seja, na prática acredita que maiores incentivos ao crescimento de grandes empresas e bancos implicam em mais dinheiro no bolso do trabalhador, e mais e melhor comida na mesa da população, uma vez que os empresários lucrando mais distribuiriam melhor a renda do país. Triste ilusão. 

Ora, de 2003 para cá, embora o lulismo tenha dado uma leve melhorada no salário mínimo e implementado de forma tímida alguns programas sociais, a política econômica adotada, com a ajuda do próprio Nelson Barbosa, foi exatamente incentivar o grande capital, seja através da desoneração de tributos às grandes empresas (dispensa de impostos), seja via os escandalosos pagamentos dos juros da dívida pública junto a agiotas, sobretudo internacionais. Ver gráfico ao lado.

O resultado de tal política é que, mesmo com toda a crise, banqueiros e grandes empresários fizeram foi crescer seus lucros de 2014 para cá. Clique e leia. Enquanto isso, a inflação consome o poder de compra dos trabalhadores, em particular de quem ganha até cinco salários mínimos, e Dilma, com Nelson Barbosa no Ministério do Planejamento, atacou direitos trabalhistas, como por exemplo o seguro-desemprego. 

Barbosa se propõe a rever a partir daqui tal política econômica que na prática só favorece mesmo os grandes ricos?

Há sinais que não. Luis Trabuco, presidente do Bradesco, fez grandes elogios ao novo ministro, no que foi seguido por Luis Moan, presidente da Anfavea e Rubens Menin, dono da poderosa construtora MRV. Por quê será que grandes capitalistas estão assim tão animados com a ida de Barbosa para o Ministério da Fazenda? 

Há que considerar, no entanto, que é a presidência da república quem define que política econômica adotar. Se Dilma quiser, a economia pode ser redirecionada para atender aos interesses da maioria da população.

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