Da Redação
A filiação de Marina Silva ao PSB demonstra, como algo mais relevante, que ela mantém-se coerente com o projeto político que escolheu para sua própria vida. Pelo que defendeu e aplicou no Ministério do Meio Ambiente, pelas alianças que já tem com grandes empresários e banqueiros, pela defesa que fez do homofóbico Marco Feliciano, não há nada a estranhar que Marina tenha buscado abrigo no partido de Eduardo Campos. O PSB, de aluguel ou não, é só mais um partido da ordem capitalista. Ordem à qual a evangélica Marina há tempos se converteu. Portanto, são no mínimo ingênuas as afirmações, veiculadas principalmente pelas redes sociais (a maioria vinda de petistas incautos), de que Marina caiu no oportunismo, se perdeu, se vendeu...
Ora, se a legalização do partido que tenta fundar (Rede) foi neste momento sabotada, num flagrante desrespeito ao direito de livre criação de organizações político-partidárias no país, nada mais natural e justo que Marina busque uma sigla que esteja de acordo com suas atuais convicções, tal qual o PSB ou outro afim, como PMDB, PDT, PV... Não há oportunismo algum nessa sua atitude. Dava para estranhar era se tivesse buscado partidos como Psol, Pstu ou Pco, que, embora no fundo e no fundo mais ainda sejam meros reformistas de esquerda, não há dúvidas que estão anos-luz distantes das ideias políticas que Marina nos últimos tempos religiosamente abraçou.
Recordar é viver...
Para os confusos sobre o suposto oportunismo de última hora de Marina, citamos apenas alguns trechos de uma entrevista1 que o líder serigueiro Osmarino Amâncio concedeu ao Jornal do Sindicato dos Químicos Unificado de SP. Osmarino, junto a Chico Mendes e à própria Marina, em tempos não muito remotos, travou luta contra os poderosos capitalistas extrativistas, em defesa dos povos da Amazônia. Veja o que disse Osmarino acerca da atuação de Marina à frente do Ministério do Meio Ambiente (2003/2008), no governo Lula: "A ministra Marina Silva garantiu a parte jurídica para a destruição da Amazônia. Ela aceitou o transgênico, que é totalmente inaceitável na Europa. Ela ajudou a implantação do Projeto Gestão de Florestas Públicas (dispõe sobre a concessão e gestão de florestas públicas para produção sustentável) que, na verdade, trata-se da mercantilização da Amazônia. Ela dá por 40 anos, prorrogáveis por mais 30, portanto, um total de 70 anos, de concessão às multinacionais e ao agronegócio para que explorem a Amazônia. A ex-ministra Marina Silva privatizou 5% de rios, lagos e mares para o agronegócio". (...) "A Marina Silva tem uma história muito bonita como seringueira, como militante social e como senadora, mas como ministra foi uma verdadeira decepção. (...)
É preciso não esquecer também, por fim, que Marina é ancorada por banqueiros, em particular do Itaú. E que um dos seus principais seguidores é o poderoso empresário Guilherme Leal, presidente da Natura, seu vice nas eleições presidenciais em 2010.
Assim, o fato de armar sua Rede no PSB é algo Natura, quer dizer, natural. Ela está bem nessa sigla. O PSB esteve favoravelmente com Marina em todas as suas ações no Ministério do Meio Ambiente, e comunga das mesmas ideias liberais hoje incorporadas pela ex-combatente de esquerda.
Marina, portanto, não pode ser chamada de oportunista. Sua filiação ao PSB é só mais uma prova (triste para quem é de esquerda, é verdade) de sua coerência política atual.
