Por Ana Paula Romão, educadora
A busca de si tem que ocorrer primeiro, antes do encontro do "nós". Já tive a experiência da dedicação completa ao outro e a negação de mim. Não a desejo para ninguém! Porque a gente se esgota. Funciona assim, tudo passa a ser em função do outro, a agenda do outro determina a ordem de tudo em sua vida. 
Então você passa a ser, no máximo, o coadjuvante de sua própria vida. Daí a gente avisa que vai cansar, depois avisa que está cansando, avisa que cansou. Avisa, avisa, avisa e aí quando finalmente a gente cansa de avisar, e parte para juntar os pedaços de si, nem o outro, nem os observadores entendem, porque para todo mundo você se doou, porque quis, e se, por acaso, cansou, no mínimo, foi "fraca". Com essa experiência tirei muitas lições: eu tenho o direito de ir e vir (aliás, uma bandeira liberal, mas que se torna revolucionária, se aplicada no cotidiano), posso inclusive planejar algo e reavaliar no percurso outro rumo. Que é necessário deixar claro para mim e para o outro que eu tenho limites, e que a cada demanda que surgir, eu vou levar primeiro em consideração o meu querer, a minha saúde e o meu tempo. E, a principal lição foi bem expressa na frase de Renato Russo: deixar de querer provar tudo pra todo mundo, pois eu não preciso provar nada para ninguém! Ninguém precisa! Porque, se a gente conseguir alcançar esse estágio, a gente desabrocha, e começa a acontecer uma revolução dentro da gente. A felicidade depende sempre da gente e não de relações, muito menos da opinião alheia. Como foi bom desabrochar, como é bom encontrar alguém que te fortaleça e que busque a cumplicidade no respeito dos limites, um do outro. Como é bom aprender a dizer "não" a outras pessoas, para poder dizer um "sim" para si, quando se encontrar no limite das atividades. Eu hoje estou FELIZ! E desejo o melhor para todos e todas! E, muitas aprendizagens, a de conviver com os outros e consigo, principalmente. Paz e felicidades, sempre!
