Ana Carolina lança o CD-DVD que mostra sua paixão pela pintura
Quando Ana Carolina não está nos palcos, na turnê que deu origem ao discoEnsaio das cores, é bem provável de que ela esteja pintando com um de seus 150 pincéis. Afinal, ela diz ficar de “de oito da noite até cinco da manhã” criando seus quadros.
A cantora e artista Ana Carolina lançou o disco Ensaio das cores, afirmou ser diabética desde os dezesseis anos e quer ter um filho em 2012
Em entrevista, a cantora e artista fala de seu novo CD-DVD ao vivo, mas se empolga mais ao detalhar a paixão por cores e telas. Ana Carolina descreve a força das novelas, elogia sua banda só de mulheres e conta que a amiga Cássia Eller (1962-2001) costumava andar pelada pela casa.
– Eu comecei a pintar em 2000 e poucos. Quando vi tinha várias telas em casa, meus amigos pediam e eu não tinha vontade de fazer nada com aquilo. Não conseguia descobrir o momento que a tela acabava, continuava pintando eternamente. Chegou uma hora que pensei: só se for para fazer um projeto, ou fazer leilão para uma ONG. Pensei na associação dos diabéticos, porque sou diabética desde os 16 anos. Depois, pensei no show com músicas sobre o assunto (Azul do Djavan; Rai das cores do Caetano). Consegui o link que precisava entre as telas e as músicas.– diz Ana Carolina
A cantora desenvolveu uma espécie de obsessão para se manter saudável, que influencia até seu projeto Ensaio de cores. As telas, que ela pintou para o cenário do show, agora registrado em CD, terão parte do dinheiro de sua venda revertida para ONGs de prevenção à doença.
— Faço o exame do dedinho 12 vezes por dia. Não abro mão, faço mesmo. Como você faz para controlar a diabetes? Tendo informação sobre o seu corpo, e milhões de brasileiros não sabem que são diabéticos. Quando descobrem já estão com os rins comprometidos — diz ela.
Por isso, Ana quer ajudar quem precisa a entrar nessa batalha o quanto antes .
— Ser diabético é lutar sempre, 24 horas, 365 dias por ano. O meu esquema é me observar. A glicose está subindo, opa, vou tomar insulina. E comer porque está caindo. Não posso desistir de mim — garante ela, que no início enfrentou dificuldades para se tratar. “Quando descobri não tinha grana nenhuma, juntava dinheiro para comprar corda de violão e fazia xixi numa fitinha para ver a glicose. É uma doença que é cara, mas hoje o SUS dá insulina. E o importante não é dieta rígida, mas seus exames estarem bons. O último e-mail do meu médico dizia que os meus estão excelentes.”
E a vontade de aumentar a informação sobre a doença tem movido Ana Carolina a falar sobre o assunto.
“Tem uma menina diabética que frequenta os meus shows e vejo que ela tem muita força por minha causa. Ela me disse que ouvia meu disco e pensava: “A Ana leva uma vida normal”. Ajudo essa menina a não parar de lutar. E isso se reflete na minha carreira. O Ensaio de cores” é um projeto na contramão. Seria fácil viver à sombra do sucesso, mas isso não quero fazer.”
A primeira exposição individual da cantora e artista começou neste mês na galeria Romero Britto, e ela diz que fica de oito da noite até cinco da manhã pintando suas telas, que Compra a lona, lava a lona e fica horas preparando as misturas, ela tem 150 pincéis.
— No dia da vernissage, eu parecia uma noiva no dia do casamento. Estava “nervosassa”, pensando: “o que eu vou falar?”. Foi muito doido. Todo mundo fica olhando, avaliando, discutindo sobre aquilo. Eu fiz um monte de loucurinha até achar a minha onda. Tinha uma coisa meio [Jackson] Pollock de jogar a tinta na tela.
Ana Carolina planeja ter um filho em 2012, mas ainda não sabe como
Sem ninguém no momento — “não estou namorando, não, mas também não estou solta na pista” , Ana diz que não descartaria a possibilidade de ter uma relação com um(a) fã. “Por que não? É uma loucura o assédio. É homem, mulher, tem de todos os tipos. Se não for uma pessoa fanática, acho que não tem o menor problema”, avalia.
Ana Carolina parece ter tudo o que quer. Mora numa casa dos sonhos, com vista para a Lagoa e o Cristo, tem muitos discos de ouro pendurados na parede (reflexo de uma década de sucesso), livros, instrumentos musicais e telas que ela mesma pinta. Fica até difícil pensar na falta de alguma coisa quando há tanta abundância em volta. Mas, apesar disso, ela vive hoje o grande dilema de sua vida: ser ou não ser mãe?
Vou ter um filho agora? Vou fazer inseminação artificial? Procurar uma barriga de aluguel, uma pessoa vai gerar para mim? Sou diabética e dizem que a criança pode nascer com hipoglicemia, ir para a incubadora”, diz Ana, que se declarou bissexual em 2005 e está solteira. “Eu paro três horas do meu dia para pensar sobre ser mãe. Conversei com o meu médico. Tenho 37 anos. Daqui a pouco, vou ter que tomar uma decisão. Sofro com isso. Esse é o dilema de 2012”, revela.