Da Redação
Na campanha presidencial de 1989, o então candidato Collor de Mello declarou que seu governo deixaria a "esquerda perplexa e a direita exaltada". Quis dizer com isso que tomaria medidas que agradariam as organizações de esquerda, como o próprio PT à época, e indignariam princilpalmente os banqueiros, que estavam por trás de sua campanha. Collor ficou só no discurso, e o desfecho dessa história todo mundo sabe no que deu.
Dilma e os que mandam no PT decidiram agora pegar a deixa de Collor e aplicá-la, só que com uma pequena mudança de sentido. Nomearam um indicato do Bradesco para a Fazenda, Joaquim Levy, e outro agente dos banqueiros para o Planejamento, Nelson Barbosa. E para coroar, entregaram o Ministério da Agricultura para a ruralista Kátia Abreu. Ou seja, deixaram a direita perplexa, que talvez nem esperasse tanto do novo governo, e a esquerda (romântica), em particular a petista, exaltada, que certamente nunca pensou que tamanha nogociata política pudesse ser feita.
Cabe à esquerda exaltada que suou a camisa na última campanha presidencial, em nossa opinião, romper com esse novo governo e ajudar o povo a ir às ruas contra as medidas duríssimas que o trio indicado por Dilma já anuncia pela mídia. Apenas choramingar nas redes sociais, ao que tudo indica, não fará com que a presidente respeite os esquerdistas, embora tenham sido preciosíssimos para sua reeleição.
Ler também: Novos ministros anunciam fim de direitos trabalhistas e redução nos reajustes do salário mínimo
Veja um pouco da repercussão das indicações de Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Kátia Abreu
| Os que ficaram perplexos | Os que ficaram exaltados |
| "A presidente Dilma fez excelentes escolhas". Murilo Portugal, presidente da Febraban | "Kátia Abreu se enquadra no setor mais conservador e atrasado do empresariado brasileiro". Juventude Petista do RN. |
| "A presidente foi feliz ao anunciar a nova composição da equipe econômica". Luiz Trabuco, presidente Executivo do Bradesco | "Indicação de Joaquim Levy e Kátia Abreu para o Ministério sinalizam uma regressão da agenda vitoriosa nas urnas". Trecho de Manifesto assinado por dezenas de intelectuais e líderes da esquerda petista. |
| “As escolhas de Joaquim Levy, Nelson Barbosa e Alexandre Tombini, nomes de competência reconhecida para liderar a equipe econômica, reforçam nossa crença na capacidade da presidente Dilma Rousseff de conduzir o Brasil de volta a um caminho de crescimento sustentável". Jesús Zabalza, presidente do Santander Brasil | "As propostas de governo foram anunciadas claramente na campanha presidencial e apontaram para a ampliação dos direitos dos trabalhadores e não para a regressão social". Trecho de Manifesto assinado por dezenas de intelectuais e líderes da esquerda petista. |
